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sábado, 25 de junho de 2011

Alerta: cirurgia não é solução mágica para a obesidade


Aos 16 anos, Shaina pesava 109 quilos. Por conta disso, desenvolveu uma complicação em que a pressão se acumula dentro do crânio, danificando o nervo óptico. A única solução para Shaina, que já começava a sofrer perda de visão, era perder ao invés disso peso – e rápido.
Mesmo perdendo 9 quilos sozinha, a adolescente ainda precisava perder 23 quilos. Assim, um médico recomendou que ela fizesse cirurgia bariátrica, e Shaina passou pelo procedimento em fevereiro. Três meses depois, ela estava com 83 quilos – a primeira vez que se lembra de ter menos de 90 quilos.
Cada vez mais os jovens obesos sofrem de complicações de saúde graves e são submetidos a operações para ajudá-los a perder peso. Há certamente mais e mais casos a cada ano, e as histórias de sucesso como a de Shaina fazem a cirurgia bariátrica parecer fácil.
Não é. Na verdade, os médicos estão tão preocupados que os adolescentes tenham expectativas irrealistas da cirurgia que exigem uma avaliação pré-cirúrgica extensa e mudanças de estilo de vida para garantir que eles compreendam os riscos graves e estejam dedicados a revisar a sua saúde.
A cirurgia geralmente requer perda de peso preliminar e, em seguida, regime pós-cirúrgico acompanhado de mudanças dietéticas, vitaminas e exercícios. Se o adolescente e sua família não estiverem totalmente comprometidos, os resultados podem evaporar rapidamente ou nem se materializar.
“Nós nos preocupamos muito que as crianças achem que a cirurgia vai ser uma solução mágica”, diz Eleanor Mackey, psicóloga clínica que avalia jovens que consideram a cirurgia.
Além disso, a cirurgia bariátrica não é feita para pessoas moderadamente obesas. O paciente deve ter um índice de massa corporal (IMC) de 40 ou superior ou um IMC de 35 ou superior com sérios problemas de saúde relacionados à obesidade, como diabetes tipo 2.
“Esse não é um procedimento cosmético”, diz Marc Michalsky, diretor cirúrgico de um centro de saúde americano. Muitas coisas são levadas em consideração. Os médicos geralmente não realizam a cirurgia em crianças até que elas passem da puberdade e parem de crescer. Isso porque pode haver aumento da probabilidade de deficiência nutricional após a cirurgia, o que poderia dificultar o crescimento ósseo e a maturação sexual.
Além disso, o jovem deve ter maturidade psicológica e apoio da família para fazer mudanças de estilo de vida permanentes. Uma equipe de pediatras, psicólogos, fisiologistas, nutricionistas e assistentes sociais é necessária para se ter uma visão do adolescente e se ele está pronto para a cirurgia.
Dois a três meses são exigidos para realmente conhecer a família e certificar de que a criança sabe realmente no que está se metendo. E mesmo depois de tudo isso, há a questão financeira: muitas famílias pagam do próprio bolso o procedimento, que nos EUA normalmente custa entre 15.000 e 30.000 reais, embora alguns planos de saúde cubram.
A recuperação pós-cirúrgica não é nenhum piquenique. Os pacientes tem que manter uma dieta líquida por semanas e gradualmente começar a comer alimentos sólidos. Mesmo anos depois as coisas continuarão diferentes; o corpo não vai tolerar qualquer alimento.
Como a cirurgia bariátrica limita a quantidade de alimentos que os pacientes podem comer, nutrição adequada após a cirurgia é importante. Pacientes precisam tomar vitaminas e minerais, em alguns casos para o resto de suas vidas. O ferro é uma deficiência comum que os coloca em risco de anemia. Para evitar a desnutrição, a desidratação e o ganho de peso, eles têm que comer regularmente refeições de alta proteína e não beber líquidos perto do horário das refeições.
Para obter resultados do procedimento, os jovens também devem estar comprometidos a se tornarem mais ativos e ter uma alimentação saudável a vida inteira, o que muitas vezes exige que suas famílias façam o mesmo.
Hoje, embora a cirurgia bariátrica seja muito mais segura desde que foi introduzida no final dos anos 1960, ainda tem riscos de efeitos colaterais e complicações sérias – como vazamento estomacal e mau funcionamento de bandas gástricas – que pode exigir cirurgia corretiva.
Além disso, há poucos dados sobre os riscos a longo prazo da cirurgia em adolescentes. Um estudo recente mostrou que os jovens perderam massa óssea após um tipo de cirurgia bariátrica, mas isso não parece preocupante, pois esses pacientes já têm densidade óssea muito maior do que o normal.
Também, existe sempre a opção de perder peso por conta própria. Há quem consiga e até prefira. O adolescente Josh Caudill perdeu 55 quilos em 11 meses e pretende continuar assim – se exercitando e fazendo dieta. Não é impossível.[CNN]

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